Procurador do RJ nega que MP priorize investigação sobre Flávio Bolsonaro

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O procurador-geral de Justi?a do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, confirmou nessa segunda que o deputado estadual e senador eleito Fl?vio Bolsonaro (PSL-RJ) est? sendo investigado na esfera c?vel por movimenta??es financeiras at?picas detectadas pelo Coaf, e negou que o Minist?rio P?blico esteja priorizando e acelerando as apura??es contra o parlamentar por ele ser filho do presidente Jair Bolsonaro.

?Na ?rea c?vel est? sendo investigado porque na ?rea c?vel os deputados n?o tem foro por prerrogativa. Esses expedientes j? tinham sido distribu?dos para as promotorias de tutela coletiva e cidadania no in?cio do ano e prosseguem normalmente?, disse a jornalistas Gussem.

Ele destacou que al?m de Fl?vio Bolsonaro outros 26 parlamentares da Alerj, tamb?m est?o sendo investiga??es na ?rea c?vel. O procurador n?o detalhou o teor da investiga??o na esfera c?vel contra o filho do presidente da Rep?blica.

?Qualquer quest?o envolvendo o deputado Fl?vio Bolsonaro estou impedido de falar no momento por conta do procedimento no Supremo Tribunal Federal?, disse Gussem, ao se referir ? decis?o do presidente em exerc?cio do STF, Luiz Fux, de suspender a investiga??o do MP do Rio de Janeiro, at? que o ministro Marco Aur?lio Mello, determine qual a inst?ncia adequada para apurar o caso.

Gussem lembrou que as informa??es do Conselho de Controle de Atividades Financeiras chegaram ao conhecimento do MP em janeiro do ano passado com mais de 400 pessoas citadas, mas os 22 n?cleos de investiga??o s? foram instalados em meados de 2018 ap?s a an?lise do dados que vieram do ?rg?o federal.

Os relat?rios do Coaf embasaram a opera??o Furna da On?a, que levou deputados da Alerj ? pris?o por favorecimento de grupos em troca de propina.

?Ao receber a vasta informa??o come?amos a explorar cuidadosamente', disse o procurador. 'Seria leviano j? de cara indicar o nome dos deputados at? por que movimenta??es at?picas n?o s?o obrigatoriamente suspeitas. Se logo investig?ssemos diriam que seria uma investiga??o temer?ria e inconsequente.?

O procurador lembrou que quatro deputados da Alerj j? abriram voluntariamente seus sigilos ao MP, ao passo que Fl?vio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabr?cio Queiroz sequer compareceram as convoca??es para apresenta??o de suas vers?es para a movimenta??o financeira at?pica.

Em alus?o a acusa??es feitas por Fl?vio em entrevistas no fim de semana, Gussem negou que o MP do Rio tenha quebrado o sigilo do parlamentar.

?Se algu?m cometeu alguma quebra de sigilo, irregularidade n?o foi definitivamente o MP do Rio de Janeiro?, disse. ?Se queremos um pa?s limpo, ?ntegro e diferente temos que prestigiar e fortalecer os ?rg?os de controle.?

O procurador-geral de Justi?a frisou que as apura??es flu?ram no mesmo ritmo, e negou que o foco tenha se voltado a Fl?vio Bolsonaro.

Segundo reportagens do Jornal Nacional, da TV Globo, o Coaf identificou 48 dep?sitos de 2 mil reais entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de 1 milh?o de reais de um t?tulo banc?rio da Caixa Econ?mica Federal na conta de Fl?vio Bolsonaro.

O senador eleito afirmou em entrevista no fim de semana que o t?tulo foi referente ? compra de um im?vel na zona sul do Rio de Janeiro, e que os dep?sitos de 2 mil reais s?o referentes, em parte, a dinheiro recebido em esp?cie pela venda do mesmo im?vel.

Al?m da movimenta??o na conta do pr?prio senador, o jornal O Globo destacou no domingo que o ex-assessor dele Fabr?cio Queiroz chegou a movimentar em sua conta, al?m de 1,2 milh?o de reais j? divulgados, outros 5,8 milh?es de reais, totalizando 7 milh?es de reais em tr?s anos.

Gussem destacou que na esfera c?vel, al?m de Fl?vio Bolsonaro todos os outros 26 deputados citados no relat?rio do Coaf tamb?m s?o investigados. Os parlamentares podem ter incorrido no crime de improbidade administrativa, que prev? no limite a perda dos direitos pol?ticos.

Na esfera penal, as investiga??es sobre o caso Fabr?cio Queiroz foram suspensas pelo STF, a pedido de Fl?vio.

Durante o fim de semana, as investiga??es conduzidas pelo MP foram criticadas. Ao mesmo tempo que disse ? Reuters que o caso Fl?vio Bolsonaro n?o tem nada a ver com o governo, o vice-presidente da Rep?blica, general da reserva Hamilton Mour?o disse ao jornal O Globo que existe 'sensacionalismo' e 'direcionamento' nas investiga??es.

?O MP n?o tem vincula??o com nenhum segmento pol?tico; o MP ? defensor da ordem jur?dica e o Estado democr?tico?, disse Gussem. ?Essa manifesta??o do vice-presidente n?s respeitamos mas ela em nada interfere no nosso trabalho e no nosso atuar.?

O procurador criticou a falta de transpar?ncia da Alerj, que n?o tem um cadastro de funcion?rios e servidores ligados a cada gabinete parlamentar. Segundo ele, o MP est? encaminhando uma recomenda??o para que a Assembl?ia e as c?maras municipais adotarem normas de transpar?ncia.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Edi??o de Alexandre Caverni)