Indústria brasileira surpreende e tem pior julho em 4 anos

Por Rodrigo Viga Gaier e Jos? de Castro

RIO DE JANEIRO/S?O PAULO (Reuters) - A produ??o industrial brasileira contrariou expectativas e encolheu em julho, no terceiro m?s seguido de queda e no pior desempenho para o m?s em quatro anos, indicando um come?o de trimestre ruim para o setor.

Contra um ano antes, a produ??o recuou 2,5%. O dado de junho foi revisado para pior, passando a mostrar contra??o de 0,7% sobre maio, ante queda estimada anteriormente de 0,6%.

Tanto na compara??o mensal quanto na anual os n?meros de julho vieram piores que o estimado por analistas consultados pela Reuters: alta de 0,3% sobre o m?s anterior e queda de 1,3% na base anual.

O recuo de 0,3% em julho ? o pior para o m?s desde 2015 (-1,8%), enquanto o de 2,5% ? o mais forte tamb?m para o m?s desde 2016 (-6,1%).

'Do jeito que anda a ind?stria provavelmente vai fechar o ano em queda, dado o cen?rio dom?stico acrescido da crise da Argentina e do cen?rio global', disse o economista Andr? Macedo, do IBGE, que divulgou os dados.

No acumulado de 2019, a produ??o acumula baixa de 1,7%. Em 12 meses, a ind?stria recua 1,3%, indicando perda de ritmo, j? que no per?odo at? junho a contra??o havia sido de 0,8%.

Segundo o IBGE, a trajet?ria da ind?stria pela m?trica de 12 meses tem sido 'predominantemente descendente' desde julho de 2018, quando em 12 meses a produ??o acumulava alta de 3,2%.

'A ind?stria hoje produz o equivalente a janeiro de 2009. S?o dez anos de dist?ncia. ? um sinal importante', afirmou Macedo.

A pesquisa Focus do Banco Central divulgada na v?spera mostrou que analistas preveem uma atividade praticamente estagnada na ind?stria em 2019, com crescimento de apenas 0,08%.

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Dentre as grandes categorias econ?micas, bens intermedi?rios (-0,5%) e bens de capital (-0,3%) ca?ram, enquanto os setores produtores de bens de consumo semi e n?o-dur?veis (+1,4%) e de bens de consumo dur?veis (+0,5%) subiram.

Onze dos 26 ramos pesquisados mostraram quedas na produ??o, com outros produtos qu?micos (-2,6%), bebidas (-4,0%) e produtos aliment?cios (-1,0%) exercendo as maiores influ?ncias negativas.

J? entre os 15 setores que ampliaram a produ??o, destaque a produ??o em ind?strias extrativas, com alta de 6,0%, a terceira consecutiva.

'Essa melhora se deve ? retomada de algumas plantas ap?s um aumento na fiscaliza??o', disse Macedo. Segundo ele, a recupera??o do setor --que mostrou a terceira alta consecutiva, per?odo em que cresceu 18,5%-- vem depois de um tombo de 24,5% entre janeiro e abril reflexo do acidente com a barragem da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro passado.

O economista do IBGE disse que os n?veis gerais de estoque da ind?stria ainda est?o acima do habitual, o que atrapalha a recupera??o do setor. 'Al?m disso, nossa demanda dom?stica n?o est? forte para absorver uma produ??o mais forte.'

Ele destacou ainda os efeitos do mercado de trabalho sobre o estado geral da ind?stria.

'E ainda tem um cen?rio externo desfavor?vel, com a crise na Argentina e menor crescimento global', completou.

Os sinais mais recentes, contudo, indicam alguma recupera??o do setor em agosto. Em agosto, o setor manufatureiro voltou a crescer e no ritmo mais r?pido em cinco meses, conforme pesquisa do IHS Markit.

Alberto Ramos, diretor de pesquisas econ?micas do Goldman Sachs para a Am?rica Latina, espera que a ind?stria tenha uma 'lenta' recupera??o at? o fim do ano.

'(O setor) deve se beneficiar da recupera??o c?clica esperada, puxada por baixos juros reais, condi??es financeiras acomodat?cias, aumento da confian?a empresarial e pela expectativa de aumento de gastos com investimento', disse em nota. Ele frisou, por?m, os efeitos negativos da crise argentina sobre a produ??o industrial brasileira.