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Província chinesa de Hubei crema vítimas do coronavírus 'sem adeus nem cerimônias'

Placeholder - loading - Prédio na cidade chinesa de Jingzhou, em Hubei 26/03/2020 REUTERS/Aly Song
Prédio na cidade chinesa de Jingzhou, em Hubei 26/03/2020 REUTERS/Aly Song

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Por Brenda Goh

JINGZHOU, China (Reuters) - Dez urnas ainda n?o reivindicadas aguardam no cremat?rio de Jingzhou, cidade da prov?ncia chinesa de Hubei, a mais atingida pelo coronav?rus.

N?o apenas os funerais est?o proibidos em toda a China, mas, em locais como Jingzhou, familiares que perderam entes queridos est?o retidos em casa e precisam esperar at? mesmo para recuperar os restos mortais de seus entes queridos.

As cinzas dos mortos 'est?o sob nossos cuidados por ora porque seus familiares est?o em quarentena, ou est?o longe e ainda n?o podem voltar', disse o diretor do cremat?rio de Jingzhou, que s? informou o sobrenome Sheng por n?o ter permiss?o para falar com a m?dia.

'Nem adeus nem cerim?nias s?o permitidos', disse Sheng ? Reuters, em tom pragm?tico, em seu escrit?rio no edif?cio amarelado.

O coronav?rus j? infectou mais de meio milh?o de pessoas e matou cerca de 25 mil em mais de 200 pa?ses. Na China, onde surgiu, o v?rus transtornou n?o somente a vida cotidiana, mas tamb?m a despedida concedida aos mortos por causa de sua natureza altamente contagiosa.

Seja qual for a causa da morte, as fam?lias chinesas de luto n?o podem realizar funerais desde 1? de fevereiro, apesar de o surto do pa?s estar cedendo -- inclusive em Hubei, onde o v?rus surgiu em dezembro.

Para os familiares, nada dos rituais complexos e reconfortantes, repletos de piedade filial, para garantir uma jornada pac?fica para o al?m: vig?lias noturnas, roupas brancas, visitante prestando suas ?ltimas homenagens em torno do corpo cuidadosamente vestido no caix?o, talvez preces tao?stas ou budistas.

Uma casa funer?ria de Jingzhou estava vazia. Macac?es anticontamina??o estavam pendurados do lado de fora de uma sala onde os funcion?rios que transportam corpos do hospital ao cremat?rio cochilavam.

Para as fam?lias em quarentena tudo ? ainda mais solit?rio, j? que n?o podem sequer honrar as cinzas dos mortos.

'O que fizemos para merecer tal puni??o?', questionou Wang Wenjun, que mora em Wuhan, a capital provincial de Hubei, ? Reuters no m?s passado depois que sua fam?lia teve que esperar 15 dias pelas cinzas do tio, que morreu de Covid-19, a doen?a semelhante ? pneumonia causada pelo novo coronav?rus.

Sem funerais, a equipe de Sheng, como os funcion?rios de cremat?rios de grande parte da China, v?o direto ao trabalho, alguns com trajes cir?rgicos com macac?es azuis e toucas.

'No passado, antes da epidemia, haveria uma vig?lia de at? tr?s dias e far?amos nosso trabalho depois', contou Sheng. 'Mas agora, quando a pessoa morre, o hospital realiza a desinfec??o e a crema??o acontece logo depois'.

Escrito por Reuters

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