PT se assusta com crescimento de Bolsonaro, mas resiste a tirar Lula do centro das atenções e focar em Haddad
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Por Lisandra Paraguassu
BRAS?LIA (Reuters) - O resultado das pesquisas Ibope e Datafolha de segunda e ter?a-feira deu um susto no comando de campanha do PT, que tenta encontrar uma estrat?gia para compensar o aumento da rejei??o a Fernando Haddad, mas ainda resiste a tirar o ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva do holofote e centrar for?as no candidato verdadeiro.
Depois de uma reuni?o que durou boa parte da tarde e da noite de ter?a-feira, o comando pol?tico conseguiu concordar em mudar o tom da campanha e partir para o ataque mais direto ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, advers?rio em um poss?vel segundo turno. No entanto, parte do comando, ainda apegado ? imagem de Lula, resiste ? tese de que ? preciso tirar o ex-presidente do centro da campanha e abrir mais espa?o para Haddad.
Membros do comando pol?tico defendem que ? preciso, a partir de agora, haver 'mais Haddad e menos Lula', relatou uma fonte ? Reuters, com o candidato se mostrando mais, at? em uma tentativa de atrair, em um eventual segundo turno, uma alian?a maior do que o PT tem hoje.
O n?cleo duro petista, no entanto, resiste ? id?ia de tirar Lula do centro da campanha e deixar Haddad, tido como 'excessivamente moderado', solto, o que lhe permitiria fazer mais acenos ao mercado e abertura aos advers?rios.
'Acho que isso vai ter de ficar para o segundo turno, mas ? preciso construir mais a narrativa do personagem Fernando Haddad. Ele precisa se colocar como l?der. Continua a transfer?ncia de votos do presidente Lula como uma das coisas importantes, mas a? associando com outros elementos', disse uma outra fonte que participou da reuni?o.
A preocupa??o de parte dos petistas ? considerada pelo outro grupo pouco pragm?tica, mas o conselho pol?tico, formado por v?rios caciques petistas e dos demais partidos aliados, PCdoB e Pros, empurrou a decis?o para frente.
'N?o se trata de fazer acenos para o mercado, se trata de defender a democracia. Temos que jogar para ganhar, n?o para jogar bonito. Mas acho que essa ficha caiu. O Haddad compreende isso perfeitamente', disse a fonte.
Conseguiu-se, pelo menos, chegar a um acordo: a mudan?a no tom da campanha, que passar? a adotar um discurso mais claro contra Bolsonaro.
At? agora, o PT tinha evitado atacar diretamente o ex-capit?o, deixando esse servi?o para os outros advers?rios. No entanto, a estrat?gia acabou dando errado, porque o PT tamb?m era atacado e foi colocado como o outro extremo de Bolsonaro.
'N?o adianta ficar chamando Bolsonaro de fascista, isso ? muito abstrato para a maior parte das pessoas', disse a fonte que estava presente ? reuni?o.
'Tem que mostrar concretamente que esse ? um programa ruim, que afeta a vida das pessoas, que ele foi a favor de coisas como a terceiriza??o, o teto de gastos', disse uma outra fonte.
Uma primeira pe?a dessa nova campanha j? foi ao ar nesta quarta-feira e mostra vota??es de Bolsonaro contra a pol?tica de reajuste do sal?rio m?nimo, a favor da reforma trabalhista, contra a cria??o do Fundo da Pobreza e a favor de aumentar o sal?rio dos parlamentares. 'N?o vote em quem sempre voltou contra voc?', diz a propaganda.
O PT planeja tentar vincular Bolsonaro ao governo Temer, mostrando que o parlamentar apoiou medidas impopulares do atual governo.
'Tem que desconstruir essa imagem do Bolsonaro e mostrar que ele vai usar uma ditadura para continuar o que Temer n?o conseguiu fazer numa democracia', contou a fonte.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, os trackings do PT j? haviam dado um crescimento de 3 pontos do candidato do PSL, Jair Bolsonaro --ainda assim, inferior aos 4 pontos apontados pelo Ibope e pelo Datafolha-- mas n?o haviam captado o crescimento de at? 11 pontos na rejei??o ao candidato petista.
O diagn?stico para a mudan?a --o petista vinha subindo nas inten??es de voto, enquanto Bolsonaro havia estagnado, e ganhava j? nas simula??es de segundo turno-- foi creditada a tr?s pontos: a ofensiva do PSDB no final de semana, que teria acentuado o antipetismo, a a??o de l?deres evang?licos, que declararam voto em Bolsonaro e passaram a recomendar voto nas igrejas, e a uma nova onda de not?cias falsas.
'Foi uma explos?o organizada, planejada', disse uma das fontes.
Nesta quarta, o PT abriu um n?mero de telefone para receber den?ncias de not?cias falsas contra o partido e seu candidato, e Haddad deu entrevista reclamando dos ataques, que teriam inclu?do at? sua fam?lia.
'N?s acreditamos que essas mensagens no WhatsApp est?o fazendo alguma pequena diferen?a. N?s estamos falando de milh?es de mensagens que est?o sendo disparadas de mulheres nuas, crian?as sendo abusadas, coisas gritantes mesmo', disse o candidato, creditando a isso o crescimento de Bolsonaro.
'N?s desconfiamos do Bolsonaro pelo conte?do, Eu n?o posso acusar, mas posso desconfiar pela natureza. ? muito compat?vel com o discurso dele, uma ader?ncia muito grande em rela??o ao que ele fala', completou.
Escrito por Redação
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