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PT tenta achar rumo e admite que ideia de frente pela democracia é remota

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Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - O PT ainda busca um rumo para reverter votos a favor do seu candidato, Fernando Haddad, e tentar bater Jair Bolsonaro (PSL), depois de admitir que a ideia de criar uma frente 'em defesa da democracia' tem chances cada vez mais remotas de se concretizar.

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a possibilidade de uma frente, como foi sonhada pelo PT nos primeiros dias do segundo turno, 'morreu'. A p? de cal foi colocada por Cid Gomes, irm?o do candidato do PDT, Ciro Gomes, em um evento do PT em Fortaleza. Provocado por um militante, Cid disse que o partido 'fez muita besteira' e precisava admitir um mea culpa, ou iria perder merecidamente a elei??o.

Nesta ter?a, um dos coordenadores da campanha, o senador eleito Jaques Wagner, chegou a dizer que desconhecia a ideia da frente, mesmo ele pessoalmente tendo sido encarregado de negociar com outros partidos. [nL2N1WW0WW]

A explos?o de Cid deu ao PT o sinal definitivo de que n?o conseguir? colocar Ciro ao lado de Haddad em um palanque, como pretendia. O partido tamb?m conseguiu o apoio do PSB, mas at? agora sem grandes atos de defesa de Haddad, e uma carta de apoio do grupo tucano Esquerda para Valer.

Depois da entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao jornal Estado de S. Paulo, afirmando que havia uma 'porta' para conversar com Haddad, o petista tentou um contato, mas o PT n?o tem esperan?as de que do lado de FHC venha um apoio efetivo e entusiasmado.

'N?o se pode cobrar apoio, n?o ? uma obriga??o. O que se devia fazer era pontos para dizer 'eu me comprometo com isso' e conversar em cima disso. Ficaria mais dif?cil apelar para o 'eu n?o acredito no PT'', disse uma fonte do conselho da campanha.

A explos?o de Cid ajudou a pesar o clima no partido, somado com o resultado da pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, que deu 59 por cento dos votos v?lidos para Bolsonaro, contra 41 por cento para Haddad.

Segundo fontes, o partido esperava ver um movimento positivo nos ?ndices de Haddad, o que n?o aconteceu. Ao contr?rio, o Ibope revelou ainda uma menor resist?ncia a Bolsonaro entre os eleitores mais pobres e do Nordeste, tradicionalmente mais fi?is ao PT.

RESIST?NCIA

J? h? no PT quem d? o segundo turno como perdido, mesmo que a campanha tente passar um tom de otimismo. Uma das fontes ouvidas pela Reuters disse que Haddad precisaria criar 'um fato muito forte' para conseguir reverter votos a seu favor, mas que n?o v? no horizonte o que poderia ser feito.

'A campanha pode sim virar votos at? o final. J? ganhamos elei??es nos ?ltimos dias com diferen?as t?o grandes como essa, mas possivelmente vai ser insuficiente. Mas isso n?o importa', disse uma das fontes. 'Uma das hip?teses ? j? criar uma resist?ncia. Temos que fortalecer desde j? a resist?ncia para esse governo de milicianos que pode vir por a?.'

Uma outra fonte ouvida pela Reuters reconhece que o clima na campanha n?o est? bom e avaliou como 'muito dif?cil' o petista reverter os mais de 10 milh?es de votos necess?rios para vencer Bolsonaro.

A fonte disse que uma parcela muito significativa da popula??o que ganha de 3 a 5 sal?rios m?nimos, dos quais 70 por cento s?o evang?licos, est? votando no Bolsonaro e seria ?muito dif?cil? converter essas pessoas porque a campanha nas igrejas tem sido forte.

'? a primeira vez que temos os principais bispos todos apostando em um ?nico candidato', comentou.

Ainda assim, a campanha vai tentar. Uma das estrat?gias decidida em reuni?es nesta ter?a-feira ? levar uma carta-compromisso a um encontro com bispos evang?licos na quarta, em que Haddad se compromete a n?o enviar ao Congresso projetos para libera??o do aborto ou descriminaliza??o das drogas.

VOLTAR ?S RUAS

Um grupo de petistas do Nordeste vai propor ainda que Haddad volte ?s ruas, especialmente na regi?o, onde calculam que ainda h? votos para ganhar.

Desde o primeiro turno, Haddad tem levado a campanha para as redes sociais, competindo por espa?o a? com Bolsonaro, dando entrevistas e feito eventos com grupos espec?ficos, como sindicalistas e professores, para receber apoio.

'Precisamos criar um clima de campanha nas ruas. Ainda h? votos para ganhar, teve muita absten??o na regi?o, tem os eleitores dos candidatos que n?o est?o mais no p?reo', avalia o senador Humberto Costa (PE).

(Reportagem adicional de Gabriela Mello)

Escrito por Redação

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