Em detalhes pouco lisonjeiros, relatório Mueller revela ações de Trump para impedir inquérito

Por Sarah N. Lynch e Andy Sullivan

WASHINGTON (Reuters) - O relat?rio do procurador especial Robert Mueller sobre o papel da R?ssia na elei??o presidencial dos Estados Unidos de 2016 detalhou uma s?rie de a??es do presidente norte-americano, Donald Trump, para impedir o inqu?rito, levantando quest?es se ele cometeu o crime de obstru??o de Justi?a.

A divulga??o, nesta quinta-feira, do relat?rio de 448 p?ginas, que revelou as conclus?es de uma investiga??o de 22 meses, representa um divisor de ?guas na tumultuada Presid?ncia de Trump.

Democratas disseram que o relat?rio cont?m evid?ncias perturbadoras de irregularidades cometidas por Trump que podem levar a investiga??es parlamentares, mas n?o houve nenhum ind?cio imediato de que eles tentariam remov?-lo do cargo atrav?s de um impeachment.

Mueller construiu um caso extenso indicando que Trump havia cometido obstru??o de Justi?a, mas por pouco n?o concluiu que ele havia cometido um crime, embora o procurador especial n?o tenha exonerado o presidente.

Mueller observou, entretanto, que o Congresso tem o poder de avaliar se Trump violou a lei.

?A conclus?o de que o Congresso pode aplicar as leis de obstru??o ao exerc?cio corrupto do presidente dos poderes do cargo est? de acordo com nosso sistema constitucional de pesos e contrapesos e com o princ?pio de que nenhuma pessoa est? acima da lei?, afirma o relat?rio.

Mueller, um ex-diretor do FBI, tamb?m descobriu ?numerosas liga??es? entre o governo russo e a campanha de Trump, mas concluiu que n?o havia evid?ncias suficientes para estabelecer que a campanha se envolveu em uma conspira??o criminosa com Moscou em sua interfer?ncia eleitoral.

O relat?rio, com algumas partes omitidas para proteger informa??es sens?veis, deu novos detalhes sobre como o presidente republicano tentou for?ar a sa?da de Mueller, orientou membros de seu governo a atestarem sua inoc?ncia publicamente e acenou com um indulto a um ex-assessor para evitar que ele cooperasse com o procurador especial.

O relat?rio observou que alguns assessores de Trump n?o cumpriram algumas das demandas do presidente, incluindo a de demitir Mueller.

O relat?rio afirmou que quando Jeff Sessions, antecessor de Barr, disse a Trump em maio de 2017 que um procurador especial estava sendo nomeado pelo Departamento de Justi?a para analisar alega??es de que sua campanha se mancomunou com a R?ssia, o republicano se recostou na cadeira e disse: 'Ai, meu Deus. Isso ? terr?vel. Isso ? o fim da minha presid?ncia. Estou fodido.'

Trump parecia estar em clima de comemora??o, dizendo durante um evento na Casa Branca com militares norte-americanos feridos que estava 'tendo um bom dia' ap?s a divulga??o do relat?rio, acrescentando: 'Isso se chama nada de conluio, nada de obstru??o'.

Trump, cuja equipe legal chamou o relat?rio de ?uma vit?ria total? para o presidente, tem h? muito descrito o inqu?rito de Mueller como uma 'ca?a ?s bruxas'.

O relat?rio de Mueller disse que Trump estava preocupado com o escrut?nio do FBI em rela??o a sua campanha e a ele pessoalmente.

?A evid?ncia indica que uma investiga??o minuciosa do FBI descobriria fatos sobre a campanha e sobre o presidente pessoalmente que o presidente pode ter acreditado serem crimes, ou que levantariam preocupa??es pessoais e pol?ticas?.

Qualquer esfor?o de impeachment come?aria na C?mara dos Deputados, controlada por democratas, mas a remo??o de Trump exigiria o apoio do Senado, controlado por republicanos --um resultado improv?vel.

O presidente democrata da Comiss?o Judici?ria da C?mara dos Deputados, Jerrold Nadler, disse que iria emitir intima??es para obter o relat?rio de Mueller na ?ntegra, e convidou Mueller a testemunhar perante o comit? at? o dia 23 de maio.

Nadler disse a rep?rteres em Nova York que Mueller provavelmente escreveu o relat?rio com a inten??o de fornecer ao Congresso um mapa para a??es futuras, mas o parlamentar disse que era ?muito cedo? para falar sobre um impeachment.

(Reportagem adicional de David Morgan, Doina Chiacu, Alexander, Susan Cornwell, Richard Cowan, Amanda Becker, Jan Wolfe, Nathan Layne, Karen Freifeld e Makini Brice)