Relatório independente sobre Brumadinho confirma falhas na governança da Vale, diz MPF
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Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO/S?O PAULO (Reuters) - Um relat?rio independente publicado na v?spera sobre as causas do rompimento mortal da barragem de rejeitos da Vale , em Brumadinho (MG), confirma investiga??es e aponta a necessidade de mudan?as na governan?a da mineradora para que outros desastres n?o ocorram, afirmou ? Reuters nesta sexta-feira o coordenador de uma for?a-tarefa que investiga o caso.
O documento indicou que, j? em 2003, a empresa possu?a informa??es que apontavam a fragilidade da barragem, que entrou em colapso em janeiro de 2019 e matou cerca de 270 pessoas.
Mas as medidas tomadas para lidar com essa fragilidade e aumentar a seguran?a da barragem foram limitadas e ineficazes, de acordo com o relat?rio do comit?, liderado pela ex-ministra da Suprema Corte do Brasil Ellen Gracie.
'O relat?rio confirma o que j? temos identificado nas investiga??es, de que a governan?a e a gest?o de risco da empresa deixam muito a desejar. Eu diria at? que deu causa ao que aconteceu em Brumadinho, deu causa em grande parte ao que aconteceu em Mariana', disse o procurador da Rep?blica Jos? Ad?rcio Sampaio.
O procurador tamb?m ? o coordenador da for?a-tarefa que investiga o rompimento de barragem em Mariana (MG), da mineradora Samarco, uma joint venture da Vale com o grupo BHP,.
O desastre anterior, em novembro de 2015, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce.
'Fica evidente com o relat?rio que profundas mudan?as na governan?a corporativa e de gest?o dos riscos precisam ser feitas, sob pena de podermos passar por novos desastres como o que aconteceu em Brumadinho e em Mariana', pontuou.
A Vale, no entanto, acredita que o relat?rio n?o gera fatores novos que possam pesar contra a companhia.
Em uma teleconfer?ncia com analistas nesta sexta-feira, o consultor-geral da mineradora, Alexandre D'Ambrosio, afirmou que o documento n?o trouxe novidades, ao responder pergunta de um analista sobre os efeitos que a conclus?o do comit? poderia gerar para a empresa.
'Em rela??o ao relat?rio de ontem, do comit? independente, n?o trouxe nenhum fato novo, nenhuma surpresa. O relat?rio ? baseado no mesm?ssimo acervo de informa??es que os minist?rios p?blicos, pol?cias civil e federal tamb?m tiveram acesso', frisou D'Ambrosio.
'N?o h? porque gerar nenhuma quest?o nova. As responsabilidades da companhia j? est?o postas, expostas e conhecidas.'
Em fato relevante na v?spera, a Vale ressaltou que o relat?rio trouxe recomenda??es de natureza t?cnica e de governan?a, e que 'a maior parte dessas recomenda??es diz respeito a temas que j? v?m sendo tratados pela companhia por meio de in?meras a??es para aprimoramento de seus controles internos'.
A empresa disse que divulgar? em at? 30 dias um cronograma de implementa??o de referidas a??es.
A Justi?a de Brumadinho recebeu na semana passada den?ncia oferecida pelo Minist?rio P?blico do Estado de Minas Gerais contra o ex-presidente da Vale F?bio Schvartsman e outras 15 pessoas, por homic?dio qualificado e crimes ambientais, referente ao rompimento em Brumadinho.
J? o MPF continua a investigar o caso e atualmente trabalha na conclus?o de uma per?cia que busca identificar com mais precis?o as causas t?cnicas do rompimento da barragem.
(Com reportagem adicional de Gram Slattery)
Escrito por Reuters
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