Em votação secreta no MDB, Renan vence Simone e novamente disputará presidência do Senado

Por Ricardo Brito

BRAS?LIA (Reuters) - Em uma vota??o secreta e apertada, a bancada do MDB do Senado decidiu escolher na noite desta quinta-feira o senador Renan Calheiros (AL) para ser o candidato do partido ? Presid?ncia da Casa.

Renan, que concorrer? mais uma vez ao comando da Casa, recebeu 7 votos na disputa contra a ex-l?der da bancada Simone Tebet (MS), que obteve 5 votos. O an?ncio oficial foi feito pelo l?der interino Jos? Maranh?o (PB). No encontro, decidiram que o novo l?der ser? Eduardo Braga (MDB-AM).

Na sa?da da reuni?o da bancada, Renan n?o quis parar para dar entrevista para a imprensa e se dirigiu ao gabinete. Perguntado se a bancada sai unida mesmo diante de um resultado apertado, ele disse caminhando: 'N?o sou eu que tenho que responder a essa pergunta'. E depois emendou: 'pol?tica ? t?o complexa'.

Tebet, que chegou a aventar a possibilidade de se lan?ar na disputa mesmo sem o aval do partido, afirmou que n?o vai seguir esse caminho.

'N?o posso ser candidata avulsa, n?o ? que eu recuei, n?o tem espa?o. Diante de tantos candidatos, n?o teria voto', disse ela, para quem com a profus?o de candidaturas --h?, al?m de Renan, outros sete nomes colocados-- n?o teria condi??es a chegar ao segundo turno sem o apoio da sua bancada.

Simone disse ter ficado claro que, para ser candidata, ela teria de deixar o partido. 'Posso um dia sair do MDB, mas n?o ser? para ser candidata a presidente do Senado', disse.

SOBREVIV?NCIA

Pela tradi??o, a maior bancada da Casa, atualmente o MDB com 13 dos 81 senadores, tem o direito a indicar o pr?ximo comandante da Casa.

A cadeira de presidente do Senado era tida como uma das principais para a sobrevida do partido, o qual teve v?rios caciques que n?o se reelegeram na esteira da opera??o Lava Jato. Ela sempre foi ocupada pela legenda desde 2001, exceto por um per?odo de 2 meses em 2007 - quando Renan renunciou ao cargo para n?o ser cassado na esteira de den?ncias de que recebeu dinheiro de um lobista de uma empreiteira para pagar despesas pessoais.

Ali?s, s?o as den?ncias contra Renan --um dos raros caciques do partido a se reeleger e que chegou a ser alvo de 18 inqu?ritos no STF a maioria ligados ? Lava Jato-- dificultam a chegada dele ao cargo e chegaram a dar impulsiono ? senadora de primeiro mandato Simone Tebet a colocar seu nome ? disposi??o.

Mas, apesar de vencida a disputa interna, o grupo de Renan admite que ter? dificuldades na elei??o desta sexta. 'Todos v?o se unir contra o Renan', disse um senador aliado dele ? Reuters sob a condi??o do anonimato.

Na campanha eleitoral, Renan apoiou o advers?rio de Bolsonaro, o petista Fernando Haddad, e ainda cobrava a liberta??o do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva, preso por condena??o na Lava Jato e considerado como ant?poda do atual presidente.

Ap?s as elei??es, come?ou a se colocar como um 'novo Renan', defendendo uma reforma da Previd?ncia --que criticou duramente no governo Michel Temer--, dizendo ter proximidade com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e fazendo acenos ao presidente Jair Bolsonaro e ao filho dele, o senador eleito Fl?vio Bolsonaro (PSL-RJ), que pode ser investigado por movimenta??o financeira at?pica.

Simone Tebet, por sua vez, tentou se colocar como um contraponto a Renan, vendendo-se como independente em rela??o ao governo e novo nome do partido, mas defendendo publicamente a reforma da Previd?ncia, tema caro ? atual gest?o.

O governo tenta se colocar como neutro na disputa pelo comando no Senado, embora o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tenha se tornado alvo de cr?ticas de Simone por supostamente intervir na elei??o ao mandar emiss?rios para defender o voto no senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Tamb?m s?o pr?-candidatos a presidir o Senado Alvaro Dias (Podemos-PR), ?ngelo Coronel (PSD-BA), Esperidi?o Amin (PP-SC), Jos? Reguffe (sem partido-DF), Major Ol?mpio (PSL-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A elei??o est? marcada para as 18h de sexta e, pelo regimento, se dar? em vota??o secreta --embora haja quem, como a pr?pria Simone, defenda o voto aberto nesse pleito.