Reunião de Bolsonaro com chefe da Aneel e elétricas causa estranhamento no setor
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Por Luciano Costa
S?O PAULO (Reuters) - Uma reuni?o no in?cio desta semana entre o candidato ? Presid?ncia Jair Bolsonaro (PSL) e representantes do setor de energia, incluindo o diretor-geral da Ag?ncia Nacional de Energia El?trica (Aneel), Andr? Pepitone, causou estranhamento entre ex-diretores do ?rg?o regulador e alguns especialistas.
No encontro, que contou com a presen?a de executivos das empresas Energisa e Cemig e t?cnicos como o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), os participantes apresentaram os temas que consideram priorit?rios para a ?rea de energia no pr?ximo governo.
As conversas, que tamb?m envolveram o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que ser? ministro da Casa Civil em um eventual governo Bolsonaro, acontecem em um momento em que o capit?o da reserva lidera as pesquisas para as elei??es de domingo com 56 por cento dos votos v?lidos, segundo o Datafolha, contra 44 por cento de Fernando Haddad (PT).
'Quando voc? olha, parece uma foto de uma visita a um presidente... e estranhei estarem as empresas. ? uma vis?o de estranhamento, n?o de censura ou de achar que tem alguma maledic?ncia... n?o sei o que foi tratado... mas a ag?ncia n?o pode ficar se expondo a algumas situa??es', disse ? Reuters o ex-diretor da Aneel Jos? Jurhosa, em refer?ncia a uma foto da reuni?o que circulou pelas rede sociais.
Na imagem, Pepitone e os demais especialistas aparecem sorridentes ao entregar um documento a Bolsonaro.
'Cada um, cada um. Eu n?o iria', adicionou Jurhosa, que encerrou seu mandato na ag?ncia no ano passado.
A ex-diretora da Aneel Joisa Dutra, hoje na Funda??o Getulio Vargas (FGV), tamb?m disse que teria evitado um movimento como esse, embora n?o considere haver um conflito grave na situa??o.
'? importante que seja atendido o princ?pio de isonomia e transpar?ncia. Que seja franqueado o direito de encontro com todos (candidatos) e, pela transpar?ncia, que conste da agenda, porque ? uma autoridade', apontou.
A agenda p?blica da Aneel n?o divulgou o evento com Bolsonaro, na segunda-feira, quando Pepitone registrou apenas despachos internos.
Uma fonte que j? passou pela diretoria da ag?ncia disse que n?o se recorda de uma situa??o semelhante no regulador e destacou que uma eventual visita deveria ter ocorrido de forma institucional e sem envolver empresas do setor.
'Isso n?o existe. Tem que preservar a institui??o. O diretor-geral da Aneel estar l?, achei um absurdo', afirmou a fonte, que n?o quis ter o nome publicado.
'N?o acho errado diretores da Aneel, preocupados com o setor, irem juntos procurar os candidatos. O que ficou chato foi essa mistura com um monte de gente... como se estivesse junto com lobistas', afirmou uma segunda fonte que j? ocupou a diretoria.
A Aneel ? uma autarquia p?blica --seus diretores s?o indicados pelo presidente da Rep?blica e referendados pelo Senado Federal. Mas os diretores possuem mandatos fixos, n?o sujeitos ?s elei??es presidenciais, e a ag?ncia coloca a autonomia como seu principal valor.
Segundo relatos dos participantes, o encontro de Pepitone com Bolsonaro contou com a presen?a tamb?m do vice-presidente de Estrat?gia da Energisa, Alexandre Ferreira, e do diretor da Cemig Alexandre Ramos, entre outros t?cnicos.
O s?cio da ?rea de energia do escrit?rio ASBZ Advogados, Rafael Janiques, disse que o diretor-geral da Aneel poderia ter realizado um encontro semelhante com o candidato Haddad.
'A preocupa??o... de entregar propostas de desenvolvimento do setor el?trico ? leg?tima e louv?vel, mas a liturgia de sua posi??o e do Estado democr?tico imp?e que essa mesma atitude seja feita com o outro candidato... sem partidariza??o ou escolhas pessoais', afirmou.
Para o professor de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de Almeida, o que gera estranhamento nas conversas envolvendo o regulador ? o fato de acontecerem ?s v?speras das elei??es.
'O que est? por tr?s, ali, ? uma quest?o de pauta do setor. Na minha opini?o, o inadequado ? fazer esse movimento sem ter certeza da elei??o... uma vez o presidente eleito, normal, todos setores o buscam', afirmou.
NATURAL
Para o s?cio-fundador do escrit?rio de advocacia Souza, Mello e Torres, Luis Antonio Semeghini de Souza, pode ter havido 'oportunismo pol?tico de ambos os lados, mas num contexto sem maiores pecados ou ilegalidades'.
'Nada mais natural que haja intera??o entre os diretores das ag?ncias e o presidente virtualmente eleito... se houver uma improv?vel virada, n?o vejo tamb?m maiores danos', acrescentou.
Procurada, a Aneel n?o respondeu a um pedido de coment?rio. A equipe de Bolsonaro tamb?m n?o se manifestou. N?o foi poss?vel falar diretamente com Pepitone. As empresas citadas n?o comentaram o assunto.
O consultor Adriano Pires, que participou da reuni?o com Bolsonaro, defendeu que n?o houve qualquer problema na presen?a de Pepitone.
'Pelo que vi l?, ele n?o foi como diretor da Aneel, foi como pessoa f?sica convidada a falar... tamb?m n?o d? para separar, mas ele tem mandato. Est? l? na Aneel para garantir a estabilidade regulat?ria e seguran?a jur?dica seja quem for o presidente', disse.
No comando da ag?ncia reguladora desde agosto, Pepitone ? servidor de carreira do ?rg?o desde 2000. Ele foi indicado para a diretoria pelo ex-presidente Lula em 2010 e reconduzido no governo Dilma, para depois ser nomeado diretor-geral pelo presidente Temer.
Na nomea??o ? chefia da ag?ncia, Pepitone foi apadrinhado pelo ex-presidente Jos? Sarney e pelo senador Edison Lob?o (MBD-MA), que n?o foi reeleito, segundo fontes com conhecimento do assunto.
Escrito por Redação
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