Sem apoio de partidos no Congresso, Bolsonaro articula base por meio da bancada 'bala, boi, Bíblia'
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Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello
BRAS?LIA (Reuters) - Sem respaldo dos principais partidos, o candidato do PSL ? Presid?ncia, Jair Bolsonaro, tem conquistado uma esp?cie de potencial 'base' no Congresso por meio do suporte de importantes frentes parlamentares, movimento esse que ficou evidenciado nesta ter?a-feira com o an?ncio oficial de apoio da Frente Parlamentar da Agropecu?ria (FPA) ? sua campanha a cinco dias do primeiro turno.
Os coordenadores da Frente Parlamentar Evang?lica do Congresso, deputado Takayama (PSC-PR), e da Frente de Seguran?a P?blica, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), afirmaram ? Reuters que a maioria dos integrantes dos dois grupos tamb?m apoia a candidatura de Bolsonaro, que lidera com folga as pesquisas de inten??o de voto ao Pal?cio do Planalto.
Com forte atua??o no Legislativo, as frentes da seguran?a p?blica, da agropecu?ria e dos evang?licos s?o conhecidas como a bancada BBB: bala, boi e B?blia. As frentes s?o associa??es suprapartid?rias compostas por pelo menos um ter?o dos integrantes do Legislativo Federal dispostos a defender o aprimoramento de um tema espec?fico.
Contudo, ? preciso ponderar que o apoio efetivo das frentes a Bolsonaro no Congresso vai depender do fato de os integrantes desses grupos serem reeleitos ou que novos participantes tenham a mesma posi??o.
Tamb?m n?o h? qualquer obriga??o de um deputado ou senador integrante a uma frente parlamentar seguir uma orienta??o de voto em uma determinada vota??o --no caso de partidos, por exemplo, uma eventual indisciplina pode motivar at? a aplica??o de penas a ele, como suspens?o ou expuls?o da legenda.
A cada legislatura, as frentes parlamentares t?m de ser criadas.
'GRANDE PREOCUPA??O'
Na manh? de ter?a, a coordenadora da frente da agropecu?ria, Tereza Cristina (DEM-MS), reuniu-se pessoalmente com Bolsonaro para ler uma nota de apoio formal ? candidatura dele. A FPA, que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), disse que a polariza??o entre Bolsonaro e o candidato do PT, Fernando Haddad, apontada pelas ?ltimas pesquisas ?causa grande preocupa??o com o futuro do Brasil?, e que por isso decidiu se unir em torno do candidato do PSL.
?Certos de nosso compromisso com os pr?ximos anos de uma governabilidade respons?vel e transparente, uniremos esfor?os para evitar que candidatos ligados a esquemas de corrup??o e ao aprofundamento da crise econ?mica brasileira retornem ao comando do nosso pa?s?, afirmou a FPA em nota assinada por sua presidente.
Em entrevista ? Reuters, Tereza Cristina elogiou a proposta feita por Bolsonaro de fundir os Minist?rios da Agricultura e do Meio Ambiente. Ela disse que a iniciativa pode facilitar muito aos produtores e considera que vai criar um 'minist?rio forte'.
'No meu Estado, isso j? acontece. Na Secretaria de Agricultura, Pecu?ria e Desenvolvimento Econ?mico, como se chama l? no meu Estado, o Meio Ambiente est? junto', disse, ao considerar que ? um experi?ncia que tem dado certo. Ela disse que apresentou a ele uma pauta de assuntos de interesse ao setor e destacou a necessidade de seguran?a jur?dica para os empreendedores do agroneg?cio.
Segundo uma fonte que acompanha as movimenta??es da FPA, a pesquisa Ibope divulgada na noite de segunda-feira refor?ou a tese do voto ?til e deu o empurr?o que faltava para a frente oficializar sua posi??o. A formaliza??o do apoio a Bolsonaro libera os integrantes do grupo, na opini?o dessa fonte, a fazer campanha para o presidenci?vel do PSL, em vez dos candidatos a presidente que teriam de apoiar por conta de suas coliga??es.
A frente ? composta por 261 deputados e senadores, mas, apesar da manifesta??o formal de apoio a Bolsonaro, nem todos deputados e senadores respaldam a candidatura dele.
'MAIORIA SILENCIOSA'
O coordenador da chamada bancada da bala disse que a maioria dos 306 deputados que integram a frente apoia Bolsonaro --ele e seu filho, o tamb?m deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fazem parte do grupo. Por ora, destacou, n?o deve haver algum tipo de formaliza??o de apoio ao presidenci?vel do PSL.
'O apoio da bancada da seguran?a p?blica j? ? praticamente definido, ? um pensamento id?ntico ao nosso', afirmou Alberto Fraga, que ? candidato ao governo do Distrito Federal pelo DEM.
Para o deputado, mesmo se n?o contar com o apoio formal dos partidos no Congresso, o apoio das frentes a Bolsonaro poder? ajud?-lo na governabilidade.
'N?o tenha d?vida, ele sabe que tem que conversar com os colegas, precisa e j? conversamos v?rias vezes sobre isso', afirmou.
Fraga disse acreditar que o partido dele, o DEM, que sempre foi cr?tico a gest?es petistas, quando estava na oposi??o, deve apoiar Bolsonaro --hoje o DEM faz parte da coliga??o que do presidenci?vel do PSDB, Geraldo Alckmin.
'N?o tem nem d?vida do que pensar (em apoiar no segundo turno)', disse ele, para quem outras legendas, como PP e PR, podem seguir o mesmo caminho.
O coordenador da frente evang?lica destacou que a maioria do grupo tamb?m vai endossar a candidatura do PSL. Para ele, esse apoio decorre principalmente pela tentativa da esquerda de impor valores ao pa?s.
'Uma minoria ruidosa est? jogando Bolsonaro nos bra?os de uma maioria silenciosa', disse o deputado Takayama, ao citar a atual situa??o de crise da Venezuela e se mostrar preocupado com os rumos que o Brasil est? tomando.
'Ele (Bolsonaro) pode ter suas limita??es, mas depois da Dilma e do Lula, qualquer pessoa tem condi??es de ser candidato', afirmou. 'Se ele n?o ? o adubo que o pa?s precisa, pode ser o inseticida contra a corrup??o que est? dilacerando o pa?s', completou.
Escrito por Redação
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