Sem votos, governo começa ofensiva para ouvir partidos e negociar reforma da Previdência
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Por Lisandra Paraguassu e Mateus Maia
BRAS?LIA (Reuters) - Consciente de que n?o tem hoje votos para aprovar a reforma da Previd?ncia, o governo iniciou uma ofensiva para se aproximar das bancadas e l?deres partid?rios, em uma tentativa de amaciar caminho e iniciar uma negocia??o que promete ser dura.
No in?cio da noite desta ter?a-feira, o presidente Jair Bolsonaro se re?ne pela primeira vez, desde que tomou posse, com os l?deres dos partidos na C?mara. Na expectativa de abrir um canal de comunica??o com parte da oposi??o, Bolsonaro chegou a convidar PSB e PDT, mas os dois partidos n?o devem comparecer.
Escalado pelo governo para explicar a reforma, o secret?rio especial de Previd?ncia, Rog?rio Marinho -ex-deputado- passou o dia em reuni?es com bancadas, frentes parlamentares, sindicalistas. PSD, PSDB e PR foram recebidos pelo secret?rio, assim como a Frente Parlamentar da Agropecu?ria e a For?a Sindical.
'N?s estamos fazendo o nosso trabalho de conversarmos com as bancadas, de esclarecermos pontos que porventura tenham ficado pouco claros para o conjunto dos parlamentares', disse Marinho ao sair de uma das conversas.
Mesmo entre apoiadores do governo a an?lise ? de que a reforma da Previd?ncia est? muito longe dos votos necess?rios para aprovar uma Proposta de Emenda ? Constitui??o. Uma lideran?a pr?xima ao Pal?cio do Planalto disse ? Reuters que uma vis?o otimista daria hoje cerca de 100 votos alinhados ao governo, sendo o mais prov?vel apenas 80. 'O pr?prio PSL (partido de Bolsonaro )se tem 30 votos ? muito', afirmou.
O projeto em si, com propostas duras em rela??o a popula??o mais pobre -aumento da idade de pagamento do Benef?cio de Presta??o Continuada e endurecimento das regras de aposentadoria rural, por exemplo- quest?es que afetam corpora??es como as pol?cias e os servidores p?blicos - j? tornam a tramita??o sem altera??es improv?veis. Mas, a falta de di?logo e de articula??o at? agora n?o ajuda o governo.
Antes mesmo de assumir o governo, Bolsonaro, em conversa com lideran?as partid?rias, prometeu que iria apresentar a proposta de reforma ?s bancadas antes de ser enviada ao Congresso, o que n?o foi feito.
'Foi uma promessa que ele nos fez pessoalmente e descumpriu. Seria muito mais f?cil j? tentar chegar com algum consenso do que ter de negociar tudo agora na C?mara', reclamou esse l?der.
Depois de reuni?es internas entre lideran?as da base e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da C?mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo se convenceu da necessidade de que Bolsonaro pessoalmente se engaje na defesa da reforma e trate com partidos e l?deres partid?rios.
A ideia de negociar com frentes parlamentares, como foi feita na montagem de governo, dificilmente ir? dar grandes frutos, analisa um l?der. 'Bancadas t?m interesses diferentes. A bancada da bala, por exemplo, ? muito contr?ria a quest?es da reforma que envolvem policiais. Eles agem como sindicalistas', afirmou.
Em evento em S?o Paulo, Maia cobrou publicamente uma mudan?a nas atitudes do presidente.
'O problema ? que presidente est? ref?m do discurso dele de campanha. A sociedade p?s-elei??o gerou muita expectativa no governo Bolsonaro de que ter?amos novo pa?s e mudan?as n?o s?o t?o r?pidas em pa?s democr?tico que gra?as a deus n?s temos', disse Maia. 'Quando digo que ele precisa decidir se vai governar junto com o Parlamento, o que os partidos querem saber ? qual tipo de alian?a o governo pretende construir em quatro anos.'
Maia confirmou o que l?deres t?m dito: hoje o governo n?o tem uma base e precisa atrair 10 a 12 partidos para conseguir aprovar a reforma.
Pontos como o BPC e a aposentadoria rural alijam um n?mero significativo de parlamentares. 'Tratar de BPC e aposentadoria rural nos tira boa parte dos deputados do Nordeste, mesmo de partidos que ap?iam a reforma', disse uma lideran?a. 'Tem coisas que vamos ter de mexer.'
Escrito por Redação
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