Situação na Venezuela segue imprevisível e depende das Forças Armadas, diz general Heleno

Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle

BRAS?LIA (Reuters) - Depois de meses de tumulto interno, a situa??o na Venezuela segue absolutamente imprevis?vel e uma solu??o depende em grande parte das decis?es a serem tomadas pelas For?as Armadas, que podem terminar por assumir a transi??o para uma 'normalidade democr?tica', avaliou nesta ter?a-feira o ministro do Gabinete de Seguran?a Institucional, Augusto Heleno.

Um dos homens mais pr?ximos do presidente Jair Bolsonaro, o general da reserva tem acompanhado de perto -dentro do que o governo brasileiro consegue ter de informa??es- a situa??o no pa?s vizinho, que afeta diretamente as fronteiras brasileiras. E reconhece que ? quase imposs?vel prever para onde vai a Venezuela.

'? absolutamente imprevis?vel como ? que vai se desenrolar esse panorama na Venezuela. ? imprevis?vel porque existe um fator preponderante nessa hist?ria que faz com que dependa desse fator tudo que vai acontecer daqui para frente, que ? a posi??o das For?as Armadas', disse o ministro ? Reuters.

Heleno lembra que s?o as For?as Armadas venezuelanas que est?o determinando o caminho que o pa?s ir? tomar.

H? duas semanas, quando o autoproclamado presidente interino, Juan Guaid?, anunciou a derrubada do governo de Nicol?s Maduro, o movimento n?o foi adiante porque os comandantes optaram por declarar apoio ao presidente venezuelano. O oposicionista garantiu que tinha apoio de parte dos militares, mas at? agora esse movimento n?o aparenta ter chegado ao topo da cadeia de comando.

Heleno ressalta que n?o se sabe se as pr?prias For?as Armadas venezuelanas pretendem tirar Maduro do poder ou se manter com a ajuda de outros pa?ses, como a China -que teria enviado nesta segunda-feira 80 toneladas em ajuda para o pa?s, segundo o ministro.

'Ent?o n?o se sabe como as For?as Armadas v?o se comportar. V?o optar pela sa?da do Maduro e eles mesmos assumem o poder e desencadeiam as provid?ncias para que se retome uma normalidade democr?tica? Ou podem se dividir, uma parte apoia Guaid?, uma parte apoia o Maduro, que ? talvez uma parte mais arriscada que pode dar in?cio a um conflito l? dentro, desencadeando uma guerra civil. Ent?o a gente n?o tem... nem o americano arrisca', disse.

Questionado sobre a posi??o dos Estados Unidos na quest?o venezuelana, o general diz que o governo de Donald Trump tamb?m est? acompanhando com cuidado o que acontece no pa?s, mas est?o evitando uma a??o ostensiva.

'Est?o tentando conduzir a coisa diplomaticamente sem entrar no campo militar. Ainda que eles tenham potencial para isso, eles est?o evitando qualquer a??o que pode ser classificada como a??o militar. Mesmo a tentativa de fazer chegar a??o humanit?ria ela foi muito 'comportada'', disse, lembrando que n?o houve uma tentativa de for?ar a entrada da ajuda na fronteira pela Col?mbia.

'Eu sei o que eles (os EUA) n?o querem. Eles n?o querem que a Venezuela seja uma nova Cuba, ? um tormento para eles', respondeu ao ser perguntado sobre o que os norte-americanos querem na Venezuela.

O general levantou ainda um outro risco, o de que a decad?ncia do governo venezuelano leve a um crescimento de rotas de narcotr?fico passando pelo pa?s e chegando aos EUA via Caribe. Heleno lembra que, apesar da situa??o das For?as Armadas Revolucion?rias da Col?mbia (Farc) estar pacificada, o grupo controlava o tr?fico na regi?o e ainda pode reativar suas atividades.

'A pr?pria Venezuela j? ? hoje considerada por muitos um narcopa?s. Ent?o ? uma ?rea que tem... da? a preocupa??o dos americanos tamb?m. Talvez essa seja a maior preocupa??o dos americanos, a possibilidade da Venezuela crescer como narcopa?s' disse. 'A Venezuela n?o ? produtora de coca?na, mas ? um local de passagem muito prop?cio para que essa droga aos Estados Unidos pelo Caribe.'