Teich diz que escolheu sair e que saúde precisa de união com Estados e municípios

Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - O ex-ministro da Sa?de, Nelson Teich, disse nesta sexta-feira que escolheu sair do governo e lembrou que a administra??o da sa?de p?blica ? tripartite, incluindo os Estados e munic?pios, com quem o presidente Jair Bolsonaro tem travado disputa h? meses devido ?s medidas de isolamento social do coronav?rus.

Depois de apenas 28 dias como ministro da Sa?de, Teich falou por cerca de cinco minutos e n?o disse o motivo pelo qual decidiu sair do governo, mas passou alguns recados.

'A vida ? feita de escolhas, e hoje eu decidi sair', disse ao abrir seu pronunciamento.

Teich foi chamado ao Pal?cio do Planalto na manh? desta sexta-feira, para um encontro fora da agenda, em que o presidente Jair Bolsonaro insistiu, mais uma vez, na mudan?a do protocolo para aconselhar o uso da cloroquina no in?cio dos sintomas, como queria Bolsonaro. O ministro se recusou.

Ao contr?rio de seu antecessor, Teich foi discreto na sua fala de despedida. Mas lembrou que a administra??o da Sa?de ? dividida com Estados e munic?pios e esse trabalho conjunto ? essencial.

'O Minist?rio da Sa?de v? isso (o trabalho conjunto) como algo absolutamente verdadeiro e essencial para conduzir este pa?s, tanto na parte estrat?gica quanto na parte de execu??o. Esse ? o momento em que o pa?s luta pela sa?de, pelo Brasil. Mas aqui eu real?o a participa??o do minist?rio, do Conass (Conselho Nacional de Secret?rios Estaduais de Sa?de) e do Conasems (Conselho Nacional de Secret?rios Municipais de Sa?de)', disse Teich.

Desde o come?o da epidemia de coronav?rus no pa?s, Bolsonaro tem estado em guerra abertas com governadores e tamb?m com prefeitos, a quem responsabiliza por terem decretado fechamento do com?rcio e empresas em pol?ticas de isolamento social. Ao demitir Luiz Henrique Mandetta, o presidente queria rever duas posi??es do ent?o ministro: o uso da cloroquina e o fim do isolamento social.

Teich, apesar de n?o ser t?o vocal quanto Mandetta, n?o aceitou nenhuma delas. O plano de transi??o para o isolamento social, preparado pelo ministro, tra?ava cen?rios para o fim do isolamento que deveriam ser usados pelos Estados e munic?pios, mas ele mesmo indicou que em alguns locais deveria haver medidas ainda mais restritivas.

'Deixo um plano de trabalho, um plano pronto, para auxiliar os secret?rios municipais, os secret?rios estaduais, os prefeitos e governadores a tentar entender o que est? acontecendo e definir os pr?ximos passos', disse.

'Aqui a gente entrega quais s?o os pontos que t?m que ser avaliados, quais s?o os itens que s?o cr?ticos e que se a gente n?o consegue ter precisam ser encontrados, e auxilia no entendimento do momento da tomada de decis?o', acrescentou o agora ex-ministro.

Criticado ao tomar posse por n?o ter falado do Sistema ?nico de Sa?de (SUS), Teich fez quest?o agora de lembrar sua forma??o, desde a escola, faculdade p?blica, resid?ncia e trabalho em hospitais federais, e agradeceu a Bolsonaro a oportunidade de ter trabalhado no minist?rio.

'Eu fui criado pelo sistema p?blico', disse. 'Eu n?o aceitei o convite pelo cargo, aceitei porque achei que podia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas.'

Teich lembrou ainda suas visitas a algumas das cidades mais afetadas pela epidemia - algo que o presidente n?o fez ainda - e agradeceu aos trabalhadores da sa?de.

'Isso foi fundamental, ? fundamental estar na ponta e foi fundamental estar com essas pessoas, entender o que acontece no dia a dia', afirmou.

'Aqui eu agrade?o aos profissionais de sa?de mais uma vez. Quando voc? vai na ponta voc? v? o que ? o dia a dia dessas pessoas, voc? se impressiona. A dedica??o dessas pessoas, correndo riscos o tempo todo ao lado dos pacientes, ? uma coisa espetacular.'