Teich tem histórico empresarial e defendeu escolha entre pacientes ante falta de recursos
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Por Eduardo Sim?es
S?O PAULO (Reuters) - Anunciado nesta quinta-feira para comandar o Minist?rio da Sa?de durante a pandemia do coronav?rus, o oncologista Nelson Teich tem curr?culo empresarial na ?rea m?dica e j? defendeu que se fa?a escolhas entre tratar um idoso com doen?as cr?nicas ou dar atendimento a um adolescente, diante da falta de recursos no sistema p?blico.
Teich, que colaborou na campanha de Bolsonaro ? Presid?ncia em 2018 dando conselhos na ?rea de sa?de, atuou de setembro do ano passado a janeiro deste ano como conselheiro do atual secret?rio de Ci?ncia, Tecnologia e Insumos Estrat?gicos do minist?rio, Denizar Vianna, apontado como o homem da ci?ncia na pasta pelo agora ex-titular da Sa?de, Luiz Henrique Mandetta.
Trabalhando como consultor at? ser convidado por Bolsonaro para comandar o minist?rio, Teich j? fundou empresas na ?rea de sa?de, uma delas vendida posteriormente a um plano de sa?de, e ? formado em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), al?m de ter feito resid?ncia no Instituto Nacional do C?ncer (Inca) e especializa??es em Economia da Sa?de e MBA em sa?de.
Em v?deo gravado para um f?rum de oncologia realizado h? um ano em Bras?lia, o novo ministro disse que o sistema p?blico ? tratado de forma superficial e defendeu que, diante da falta de recursos para o Sistema ?nico de Sa?de (SUS), ? necess?rio se fazer escolhas, como, por exemplo, entre tratar um idoso com doen?as cr?nicas ou um adolescente.
'Como voc? tem o dinheiro limitado, voc? vai ter que fazer escolhas. Ent?o voc? vai ter que definir onde voc? vai investir. Eu tenho uma pessoa que ? idosa, que tem uma doen?a cr?nica avan?ada e ela teve uma complica??o. Para ela melhorar, eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar para investir em um adolescente que est? com um problema', disse.
'O mesmo dinheiro que eu vou investir. ? igual. S? que essa pessoa ? uma adolescente que vai ter a vida inteira pela frente, e a outra ? uma pessoa idosa que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?', indagou.
Apesar de ter sido encarregado por Bolsonaro de buscar formas de permitir a retomada gradual da economia, o oncologista defendeu o isolamento social como ferramenta de combate ao avan?o do Covid-19, doen?a respirat?ria causada pelo coronav?rus, em artigo publicado do in?cio deste m?s.
'Diante da falta de informa??es detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Sa?de n?o ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a op??o pelo isolamento horizontal, onde toda a popula??o que n?o executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, ? a melhor estrat?gia no momento', escreveu.
'Al?m do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal ? uma estrat?gia que permite ganhar tempo para entender melhor a doen?a e para implantar medidas que permitam a retomada econ?mica do pa?s.'
Bolsonaro ? contra o isolamento horizontal. Ele defende o que chama de isolamento vertical, no qual somente integrantes do grupo de risco da doen?a --idosos e portadores de comorbidades-- ficam isolados.
No mesmo artigo do in?cio de abril, Teich disse que o isolamento vertical 'tamb?m tem fragilidades' e 'n?o representa uma solu??o definitiva' para o problema.
'Como exemplo, sendo real a informa??o que a maioria das transmiss?es acontecem ? partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo ter?amos pessoas assintom?ticas transmitindo a doen?a para as fam?lias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa', escreveu.
Em pronunciamento ao lado de Bolsonaro logo depois de ser anunciado para comandar a Sa?de, Teich disse que n?o tomar? medidas bruscas em rela??o ao isolamento, se declarou completamente alinhado ao presidente e disse que trabalhar? para que a vida dos brasileiros volte ao normal.
'A gente discutir sa?de e economia, isso ? muito ruim... Essas coisas s?o complementares', disse. 'Uma coisa importante do desenvolvimento econ?mico ? que ele arrasta as outras coisas', acrescentou.
(Edi??o de Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
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