Temer volta a virar réu, dessa vez por lavagem de dinheiro em São Paulo

Por Eduardo Sim?es

S?O PAULO (Reuters) - O ex-presidente Michel Temer tornou-se r?u mais uma vez nesta quinta-feira, desta vez por lavagem de dinheiro na Justi?a Federal em S?o Paulo, num processo em que o Minist?rio P?blico Federal afirma que recursos de propina pagaram uma reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente.

Al?m de Temer, tamb?m tornaram-se r?us a filha do ex-presidente, o coronel da reserva da Pol?cia Militar de S?o Paulo Jo?o Baptista Lima Filho e Maria Rita Fratezi, esposa do Coronel Lima.

Para o juiz federal substituto Diego Paes Moreira, respons?vel por aceitar a den?ncia feita pela for?a-tarefa da opera??o Lava Jato em S?o Paulo, a pe?a acusat?ria elaborada pelo MPF atende os requisitos formais 'eis que apresenta a exposi??o dos fatos imputados aos acusados, com suas circunst?ncias, qualifica os acusados e indica a classifica??o do crime conforme a opini?o do ?rg?o de acusa??o', de acordo com a decis?o do magistrado.

'A narrativa ? clara o suficiente para permitir o exerc?cio do direito de defesa e os fatos narrados configuram, em tese, infra??o penal', escreveu o juiz.

'A den?ncia ? ainda lastreada em ind?cios m?nimos de autoria e de materialidade da infra??o penal imputada aos acusados... bem como dos delitos apontados como antecedentes', acrescentou.

De acordo com o Minist?rio P?blico Federal em S?o Paulo, a reforma na casa da filha de Temer foi paga com recursos de propinas pagas ao ex-presidente em troca de contratos para obras na usina nuclear de Angra 3. O Coronel Lima e sua esposa teriam pago a reforma, que custou 1,6 milh?o de reais de acordo com o MPF, em esp?cie.

O Coronel Lima, um amigo pessoal do ex-presidente, ? apontado por procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro e em S?o Paulo como um 'faz-tudo' e um operador financeiro de Temer. Os investigadores da opera??o em solo fluminense dizem ainda que o ex-presidente ? o chefe de uma organiza??o criminosa que atua h? 40 anos desviando recursos p?blicos.

Procurado, o advogado Eduardo Carnel?s, que representa Temer, n?o respondeu de imediato ao pedido de coment?rio feito pela Reuters. Quando da apresenta??o da den?ncia pelo Minist?rio P?blico, o advogado negou que o ex-presidente tenha cometido quaisquer irregularidades.

As defesas de Maristela Temer, do Coronel Lima e de Maria Rira Fratezi tampouco se manifestaram de imediato quando procuradas pela reportagem.

Temer j? ? r?u na Justi?a Federal do Distrito Federal no caso que trata do epis?dio em que o ex-deputado e ex-assessor do ex-presidente Rodrigo Rocha Loures foi gravado em uma opera??o controlada da Pol?cia Federal transportando uma mala com 500 mil reais que seria de propina destinada a Temer, segundo o acordo de dela??o premiada de executivos da J&F, holding que controla a JBS.

O ex-presidente tamb?m ? r?u na Justi?a Federal do Rio de Janeiro em um dos processos que tratam da opera??o Descontamina??o, que apura desvios na Eletronuclear em contratos para obras na usina nuclear de Angra 3.

Num dos casos, o ex-presidente ? acusado de receber propina da empresa Engevix em troca dos contratos e, no outro, estaria envolvido em irregularidades em um contrato de publicidade no aeroporto de Bras?lia, que teria sido usado, segundo o MPF, para dissimular recebimento de propina.

Temer chegou a ser preso no ?mbito da Descontamina??o no dia 21 de mar?o e posteriormente solto por habeas corpus em car?ter liminar concedido pelo desembargador Ivan Athi?, do Tribunal Regional Federal da 2? Regi?o (TRF-2) no dia 25 do m?s passado.