Tesouro assumirá mais risco Selic em 2018 em resposta a condições adversas de mercado
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O Tesouro Nacional anunciou nesta quarta-feira que assumir? mais risco ligado ? Selic em 2018, emitindo mais t?tulos que flutuam com a taxa b?sica que o inicialmente previsto, em resposta a condi??es adversas do mercado, catapultadas por incertezas no cen?rio externo e elei??es presidenciais no Brasil.
Em revis?o do Plano Anual de Financiamento (PAF) deste ano, o Tesouro ampliou a fatia fixada como meta para a participa??o de t?tulos atrelados ? Selic na d?vida p?blica federal para 33 a 37 por cento, ante 31 a 35 por cento antes. As bandas para os demais pap?is, bem como para o estoque total da d?vida, permaneceram inalteradas.
'Revis?o do PAF ? um instrumento de atua??o do Tesouro', afirmou o subsecret?rio da D?vida P?blica, Jos? Franco Morais.
Em coletiva de imprensa, ele justificou que o quadro recente tem levado a maior grau de avers?o ao risco por parte dos investidores. Num ano mais vol?til que o normal, prosseguiu, a Letra Financeira do Tesouro (LFT) passou a ser o principal instrumento de financiamento da d?vida p?blica brasileira.
Franco tamb?m apontou que o custo dos t?tulos prefixados aumentou sensivelmente, a cerca de 12,5 por cento para um papel de 10 anos, raz?o pela qual o Tesouro tamb?m tem prefer?ncia maior, no momento, por emitir t?tulos flutuantes que pagam taxa Selic.
Esses pap?is p?s-fixados s?o mais demandados por investidores quando h? percep??o de aumento do risco, sentimento que vem se intensificando diante da imprevisibilidade na corrida presidencial e a temores quanto ao compromisso com reformas econ?micas por parte do candidato eleito.
Esses t?tulos tiram previsibilidade para a d?vida, j? que flutuam com os juros. Por isso, o governo busca diminuir sua representatividade no longo prazo a 20 por cento.
Franco reconheceu que, quando o Tesouro emite mais LFTs, assume esse risco de taxa de juros. Por outro lado, defendeu que a investida hoje envolve um peso menor.
'No passado, o impacto de eventual aumento da Selic sobre a d?vida era maior porque havia parcela grande do cr?dito que era direcionado. Me refiro principalmente ao cr?dito de programas especiais de bancos p?blicos', disse.
'Com mudan?a para TLP (nova taxa de juros dos empr?stimos do BNDES), espera-se que eventuais aumentos da taxa Selic n?o sejam necess?rios para compensar a parcela do cr?dito direcionado. Ao ocorrer isso, o impacto sobre a d?vida acaba sendo menor', completou.
Questionado sobre novas atua??es diretas no mercado, com oferta de leil?es extraordin?rios, Franco respondeu que o Tesouro n?o tem previs?o de iniciativas desta natureza, mas que segue atento ?s condi??es de mercado.
Nesta quarta-feira, o Tesouro divulgou ainda que pode reduzir a oferta global de t?tulos no ano, o que implicaria rolagem menor da d?vida em 2018.
'O Tesouro sempre persegue esse objetivo de rolar toda sua divida. Mas ele tem flexibilidade, e o colch?o de liquidez d? essa flexibilidade, de em momentos de maior turbul?ncia, de maior volatilidade, ou em momentos em que os custos ficam mais altos, de eventualmente optar por fazer uma redu??o, uma rolagem um pouco menor', afirmou o coordenador-geral de Opera??es da D?vida P?blica, Luis Felipe Vital.
Atualmente, este colch?o est? acima de 600 bilh?es de reais, e deve ser acrescido de 165 bilh?es de reais, referentes ao lucro cont?bil do Banco Central no primeiro semestre.
Desde 2001, o Tesouro s? fez outras revis?es no PAF em 2008, 2015 e 2016 -- anos de crise e forte volatilidade nos mercados. Por norma de regimento interno, essa revis?o ? feita em abril ou agosto. Perguntado sobre a raz?o de ter sido divulgada em setembro desta vez, Franco respondeu que o Tesouro viu 'deteriora??o sens?vel no mercado internacional, principalmente, e incertezas no cen?rio dom?stico que permanecem'.
D?VIDA P?BLICA
O Tesouro tamb?m passou a ver uma d?vida bruta mais alta neste ano, a 77 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante 75,6 por cento na estimativa anterior, numa alta de 3 pontos percentuais sobre o n?vel de 2017.
A evolu??o ser? influenciada por menor expectativa para a economia neste ano, disse o Tesouro, apontando ainda a influ?ncia de uma taxa de c?mbio maior. O governo, que come?ou 2018 prevendo um crescimento de 3 por cento do PIB, agora v? uma expans?o de 1,6 por cento para a atividade.
A deteriora??o ressalta o descasamento entre receitas e despesas do pa?s, que prossegue forte a despeito do compromisso assumido pelo governo do presidente Michel Temer de implementar reformas estruturais e controlar a explosiva trajet?ria da d?vida. Para 2019, a expectativa ? que ela chegue a 78,7 por cento do PIB, subindo a 80,1 por cento em 2020.
(Por Marcela Ayres, com reportagem adicional de Mateus Maia)
Escrito por Redação
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