Tuíte de Trump interrompe negociações sobre exportações futuras de aço do Brasil
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S?O PAULO (Reuters) - As negocia??es sobre futuras exporta??es de a?o do Brasil para os Estados Unidos foram interrompidas depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, escreveu no Twitter nesta semana que vai retomar tarifas sobre importa??es do Brasil e da Argentina, afirmou o presidente do Instituto A?o Brasil (IABr), nesta quinta-feira.
Trump surpreendeu Brasil e Argentina nesta semana ao publicar um tu?te afirmando que as importa??es de a?o e alum?nio do Brasil e Argentina ser?o alvo de sobretaxas imediatamente porque, segundo ele, os pa?ses estariam desvalorizando artificialmente suas moedas, o que prejudicaria agricultores dos EUA.
Lopes, presidente-executivo do IABr, grupo que representa companhias como Usiminas, Gerdau e CSN, teceu fortes cr?ticas ? postura do presidente norte-americano.
'O Trump usou a se??o 232 para impor as cotas. Isso ? s?rio, ele n?o pode acordar de manh? e da cabe?a dele mandar um tu?te. Existem procedimentos a serem cumpridos', afirmou o presidente do IABr a jornalistas, referindo-se ao recurso legal sob o qual o presidente dos Estados Unidos alegou defesa da seguran?a nacional para proteger a ind?stria norte-americana produtora de a?o.
'Contratos de longo prazo est?o sendo cumpridos, mas as negocia??es com outros clientes est?o suspensas. N?o tem nada formalizado ainda pelo governo americano, mas os clientes querem saber se o pre?o vai ter 25% de sobretaxa ou n?o e sem saber isso n?o tem como fechar neg?cio', disse Lopes.
Ele n?o deu detalhes, mas afirmou que cerca de metade dos embarques brasileiros de a?o aos EUA refere-se a contratos de longo prazo. Citando dados do Departamento de Com?rcio dos EUA, o IABr afirmou que em 2018 as importa??es de a?o dos EUA somaram 30,57 mi de toneladas, das quais 3,98 milh?es foram embarcadas pelo Brasil.
O tu?te de Trump foi publicado semanas depois que uma comitiva brasileira saiu de Washington com expectativas de que o sistema atual de quotas de importa??o, estabelecido em meados do ano passado, seria flexibilizado no curto prazo.
Lopes afirmou que o governo brasileiro junto com o setor sider?rgico do pa?s levaram propostas em outubro para a equipe de defesa comercial dos EUA sobre retirada das cotas de importa??o no caso de produtos semiacabados, usados pela ind?stria norte-americana para produ??o de itens como laminados que podem ser usados por montadoras de ve?culos.
Do total de exporta??es brasileiras de a?o no ano passado aos EUA, a maior parte, ou 3,55 milh?es de toneladas, foi de produtos semiacabados. Caso o fim da cota de 3,5 milh?es de toneladas n?o fosse aceito, a comitiva brasileira prop?s o pagamento de tarifa de 25% sobre o volume de importa??es que excedesse esse limite.
REUNI?O NOS EUA
Atualmente, compradores de a?o brasileiro nos EUA n?o pagam tarifas de importa??o, mas quando o volume de material importado atinge o teto da cota, o pa?s n?o aceita receber mais produtos, o que gera dificuldades ao com?rcio.
'As equipes norte-americanas mostraram boa vontade e sa?mos daquela reuni?o com uma vis?o extremamente otimista de que pelo menos alguma coisa dos nossos pedidos fosse aceita', disse Lopes ao explicar parte de surpresa do setor com o tu?te de Trump.
Os EUA registraram importa??es de 7,13 milh?es de toneladas de a?o semiacabado em 2018, segundo o IABr, com os maiores fornecedores sendo Brasil, M?xico e R?ssia.
Lopes evitou comentar se o setor poderia judicializar a disputa, uma vez que o governo dos EUA n?o formalizou a decis?o publicada por Trump no tu?te sobre as tarifas. 'Mas quando se tem uma 45 apontada para sua cabe?a, voc? n?o pode achar que ele n?o vai atirar, tem que estar preparado para tudo', disse o presidente do IABr.
Ele mencionou que a entidade foi procurada por escrit?rios de advocacia internacionais especializados em quest?es comerciais, que mencionaram que a disputa poderia ser levada ao Tribunal Internacional de Com?rcio, sediado em Washington.
A quest?o ? semelhante ? enfrentada recentemente pela Turquia. Em outubro, Trump amea?ou elevar as tarifas de importa??o dos EUA de a?o turco em 50%.
'Estamos tentando colocar o pino de volta na granada', disse Lopes sobre atua??o do setor junto ao governo brasileiro para evitar a imposi??o das tarifas ao a?o do pa?s.
De janeiro a setembro deste ano, as importa??es de a?o do Brasil pelos EUA somam 3,38 milh?es de toneladas, com 2,99 milh?es sendo de material semiacabado, segundo dados do Departamento de Com?rcio dos EUA citados pelo IABr.
Lopes lembrou que o Brasil importa 1 bilh?o de d?lares por ano em carv?o sider?rgico dos EUA, fluxo que 'pode sofrer uma redu??o, caso pararmos de mandar placas (de a?o) para l?'.
Sobre as perspectivas para 2020, o IABr estimou mais cedo que a produ??o de a?o do Brasil no pr?ximo ano vai subir 5,3%, para 34,2 milh?es de toneladas. O setor tamb?m estimou aumento nas vendas da liga no pa?s para 19,4 milh?es de toneladas, crescimento de 5,1%. O consumo aparente, que re?ne vendas de produtos produzidos no pa?s e importa??es, deve crescer 5,2%, para 21,8 milh?es de toneladas.
Para 2019, o IABr prev? queda de 8,2% na produ??o, para 32,5 milh?es de toneladas, com vendas internas em baixa de 2,3%, para 18,5 milh?es de toneladas.
O presidente do IABr tamb?m criticou inst?ncias do governo federal que s?o contr?rias a pol?ticas de estabelecimento de conte?do local em grandes projetos como na explora??o do pr?-sal. Segundo a entidade, o setor, que convive atualmente com ocupa??o de cerca de apenas 65% de sua capacidade instalada, projeta um consumo potencial de 10,7 milh?es de toneladas de a?o apenas com a carteira de projetos de ?leo e g?s inscritos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
'Temos dificuldades muito fortes com o governo sobre quest?es como conte?do local, que era defendido no governo passado e agora est? um pouco demonizado', disse Lopes. 'O vi?s liberal do Brasil deixa a gente com preocupa??o bastante grande porque o mundo assumiu um vi?s protecionista', acrescentou.
(Por Alberto Alerig Jr.)
Escrito por Reuters
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