Weintraub questiona se deputados sabem o que é carteira de trabalho e provoca tumulto na Câmara
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Por Mateus Maia e Eduardo Sim?es
BRAS?LIA/S?O PAULO (Reuters) - O ministro da Educa??o, Abraham Weintraub, travava duros embates com deputados durante audi?ncia no plen?rio da C?mara dos Deputados, chegando a afirmar que j? trabalhou com carteira assinada e questionando se os parlamentares sabiam do que se tratava.
Em sua fala, Weintraub negou ainda que existam cortes no or?amento da pasta que comanda, alegando tratar-se de um contingenciamento, e disse que o programa de governo do presidente Jair Bolsonaro previa priorizar a educa??o b?sica e fundamental e n?o o ensino superior.
'N?s n?o somos respons?veis pelo contingenciamento atual. O Or?amento atual foi feito pelo governo eleito de Dilma Rousseff e do senhor Michel Temer, que era vice. N?s n?o votamos neles, ent?o n?s n?o somos respons?veis pelo contingenciamento atual. N?s n?o somos respons?veis, absolutamente, pelo desastre da educa??o b?sica brasileira', disse o ministro aos deputados.
'N?o estou querendo diminuir o ensino superior, o que a gente se prop?e ? cumprir com o plano de governo que foi apresentado a toda popula??o durante a campanha. A prioridade ? a pr?-escola, o ensino fundamental e o ensino t?cnico, mantendo a atual estrutura das universidades, por?m mudando a estrat?gia', acrescentou.
Durante os questionamentos de deputados, Weintraub foi duramente criticado por parlamentares da oposi??o. O l?der do PT, Paulo Pimenta (RS), chamou o ministro de 'covarde' enquanto o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), autor do requerimento de convoca??o do ministro, afirmou que a educa??o n?o ? uma prioridade do governo Bolsonaro.
Em um dos momentos mais tensos da audi?ncia at? aqui, Weintraub lembrou que trabalhou como banc?rio, com carteira assinada, e disse que talvez os deputados n?o saibam o que ? isso. Ele citou o ministro da Propaganda do regime nazista na Alemanha, Joseph Goebbels, ao afirmar que a oposi??o busca transformar mentiras em verdades.
'Eu n?o critico o outro lado, eu n?o quero morte para o outro lado, eu quero di?logo. Eu quero conversar com base em ci?ncia, em n?meros. Dois mais dois ? quatro. Dois mais dois n?o ? 30, n?o importa quantas vezes voc? diga isso. Goebbels falava que (se repetisse) mil vezes virava verdade. Continua sendo quatro. N?o tem corte', disse Weintraub.
'Eu gostaria tamb?m de falar que eu fui banc?rio, carteira assinada, viu? A azulzinha, n?o sei se voc?s conhecem. Trabalhei muito, pagava imposto sindical, trabalhei para valer, recebia o tiquetezinho. E tem mais uma coisa: quem ligou para o dono do Santander na Espanha para pedir a cabe?a de uma banc?ria, colega minha, porque ela ousou falar que se a Dilma fosse eleita, o d?lar ia subir e a bolsa ia cair, foi o Lula, que hoje est? na cadeia', disparou.
Weintraub se referia ao epis?dio ocorrido durante a campanha eleitoral de 2014 em que uma funcion?ria do banco Santander escreveu em nota a clientes de alta renda da institui??o que a reelei??o da ent?o presidente Dilma Rousseff deterioraria o desempenho da economia brasileira.
A declara??o do ministro instaurou um tumulto no plen?rio e o presidente em exerc?cio da C?mara, Marcos Pereira (PRB-SP), pediu calma aos deputados, ao mesmo tempo que disse ter se sentido pessoalmente ofendido pela declara??o de Weintraub sobre a carteira de trabalho e pediu ao ministro que se ativesse ao tema da audi?ncia.
PROTESTOS
A audi?ncia de Weintraub na C?mara acontece no mesmo dia em que dezenas de milhares de manifestantes protestam em cidades de todo o pa?s contra o bloqueio de recursos do minist?rio, que tem afetado pesquisas e o funcionamento de institui??es de ensino federais.
Em Bras?lia, de acordo com a Pol?cia Militar local, 7 mil protestavam em frente ao Congresso Nacional com cartazes e palavras de ordem contra o governo. Imagens da TV e fotografias mostravam a Avenida Paulista, na regi?o central de S?o Paulo, lotada de manifestantes contr?rios ao bloqueio de recursos na Educa??o.
Mais cedo, em Dallas, nos Estados Unidos, onde receber? uma homenagem na quinta-feira, Bolsonaro classificou os estudantes que participam das manifesta??es convocadas pela Uni?o Nacional dos Estudantes (UNE) de 'idiotas ?teis' e 'imbecis'.
'S?o uns idiotas ?teis, uns imbecis, que est?o sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que comp?e o n?cleo de muitas universidades federais do Brasil', disse Bolsonaro a jornalistas em Dallas.
Escrito por Redação
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